

Colômbia assina acordo com a China para aderir à Iniciativa Cinturão e Rota
A Colômbia assinou nesta quarta-feira (14) um acordo com a China para aderir à Iniciativa Cinturão e Rota, um programa bilionário de Pequim para financiar investimentos em infraestrutura em outros países e aumentar sua influência global.
A decisão do presidente esquerdista Gustavo Petro, anunciada na semana passada, antes de sua viagem a Pequim, pode irritar os Estados Unidos, principal parceiro comercial e aliado estratégico de Bogotá.
"Já entramos na Rota da Seda", como também é conhecido este programa chinês, afirmou Petro em um comunicado de seu gabinete após uma reunião com o homólogo Xi Jinping.
"Os dois chefes de Estado compareceram à assinatura de um plano de cooperação entre os dois governos para construir, em conjunto, o Cinturão Econômico da Rota da Seda e a Rota Marítima da Seda do século XXI", afirmou a agência estatal chinesa Xinhua.
O presidente chinês fez um apelo aos dois países para que "aproveitem a oportunidade da adesão formal da Colômbia à família da Iniciativa Cinturão e Rota para promover uma qualidade maior em sua cooperação", segundo a agência.
Petro afirmou na rede social X que a iniciativa "muda a história de nossas relações externas". "A partir de agora, a Colômbia se relaciona com o mundo inteiro em pé de igualdade e liberdade", completou.
O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia celebrou a assinatura do acordo, "um passo histórico que abre novas oportunidades de investimento" entre as nações.
Dois terços dos países da América Latina já aderiram ao projeto, central na estratégia do presidente Xi para expandir a influência econômica e política da China.
- Aproximação da China -
Em uma reunião de cúpula com a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) na terça-feira em Pequim, Xi se apresentou como um parceiro confiável em tempos de "confronto" e "protecionismo". E prometeu 9,2 bilhões de dólares (51 bilhões de reais) em créditos para o desenvolvimento na América Latina e no Caribe.
A região é um dos principais alvos de Pequim, que já é o principal parceiro comercial de países como Brasil, Peru e Chile, e deseja ser um símbolo do multilateralismo, como o presidente Xi reiterou em um encontro nesta quarta-feira com seu homólogo chileno, Gabriel Boric.
"Como defensores sólidos do multilateralismo e do livre comércio, China e Chile devem fortalecer a coordenação multilateral e proteger, juntos, os interesses comuns do Sul Global", declarou Xi a Boric, segundo a agência Xinhua.
"Ambos concordamos na importância de fortalecer em conjunto áreas como comércio, investimentos, colaboração em ciência antártica, transição energética, desenvolvimento sustentável e cultura. Além disso, apoiamos o multilateralismo como via para enfrentar os desafios do nosso tempo", afirmou o presidente chileno na rede social X.
Na Colômbia, Washington permanece como principal parceiro comercial, mas as importações chinesas já superam as americanas e o país asiático está envolvido em investimentos estratégicos, como a construção do metrô de Bogotá.
Diante das críticas da oposição e de empresários à adesão, devido ao temor de represálias comerciais dos Estados Unidos, o presidente colombiano defendeu a decisão.
"Vamos falar com Xi Jinping de igual para igual, não como ajoelhados", afirmou antes da viagem.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já enviou uma mensagem aos países latino-americanos próximos a Pequim, ao ameaçar o Panamá com a retomada do canal interoceânico devido a uma suposta interferência chinesa em seus portos. O país da América Central cancelou, em fevereiro, sua adesão à Iniciativa Cinturão e Rota.
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C.Durand--MJ