Monaco Journal - Chefe de gabinete da presidência peruana renuncia antes de moção de censura

Chefe de gabinete da presidência peruana renuncia antes de moção de censura
Chefe de gabinete da presidência peruana renuncia antes de moção de censura / foto: Ricardo Cuba - Peruvian Presidency/AFP

Chefe de gabinete da presidência peruana renuncia antes de moção de censura

O chefe de gabinete da presidência do Peru, Gustavo Adrianzén, o homem de maior confiança da impopular presidente Dina Boluarte, renunciou na terça-feira (13), antes da votação de uma moção de censura contra ele no Congresso.

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Adrianzén, 58 anos, que estava no cargo desde março de 2024, deixou o governo na véspera da votação no Congresso e de um novo dia de protestos contra Boluarte devido à onda de extorsões do crime organizado.

"Hoje, cumpro o dever de apresentar a você minha renúncia irrevogável ao cargo", disse o ex-chefe de gabinete na presença de Boluarte e da equipe ministerial durante uma cerimônia na sede do governo.

Bancadas de esquerda e direita defendiam a saída de Adrianzén do governo diante da falta de resultados na luta contra as gangues criminosas, apesar da mobilização dos militares nas ruas para apoiar a polícia.

Sua queda teria provocado obrigatoriamente a renúncia de todo o gabinete ministerial, segundo a legislação peruana.

Boluarte, uma das governantes mais impopulares do mundo, que viu sua aprovação cair para um índice histórico de apenas 2% este mês, segundo uma pesquisa recente, enfrentava o quase certo voto de punição do Congresso e, ao mesmo tempo, a irritação popular.

Sem partido, a mandatária governa apoiada por uma coalizão de forças de direita que tem maioria legislativa.

A renúncia poderia deixar o campo livre ao Parlamento para aprovar a autorização solicitada na terça-feira por Boluarte para assistir à missa no Vaticano que marcará o início formal do pontificado do papa Leão XIV, prevista para domingo (18).

Para obter a permissão, a presidente alegou "uma proximidade com a Santa Sé e de maneira direta com o Santo Padre". O cardeal Robert Prevost é americano, mas também tem nacionalidade peruana desde 2015, quando assumiu a arquidiocese de Chiclayo, onde ficou até 2023.

No Peru, o Congresso deve autorizar cada viagem presidencial.

A censura a Adrianzén estava assegurada na tarde de terça-feira, depois que as principais bancadas anunciaram que apoiariam o pedido.

O Parlamento unicameral, controlado pela direita, precisava de um mínimo de 66 votos entre seus 130 representantes para punir o chefe de gabinete e, em consequência, provocar a renúncia de todo o ministério, como determina a lei.

"As bancadas de direita precisam se distanciar politicamente do Executivo, atacando e censurando ministros sem que isso arraste a presidente", disse à AFP o analista Augusto Alvarez Rodrich.

A renúncia forçada "não significa que o acordo de conveniência entre o Parlamento e Dina Boluarte tenha sido quebrado para que ela governe até o final de seu mandato, em julho de 2026", acrescentou.

P.Caruso--MJ