Monaco Journal - Internação de Maradona foi "encenação", diz sua filha no julgamento pela morte do ex-craque

Internação de Maradona foi "encenação", diz sua filha no julgamento pela morte do ex-craque
Internação de Maradona foi "encenação", diz sua filha no julgamento pela morte do ex-craque / foto: TOMAS CUESTA - AFP

Internação de Maradona foi "encenação", diz sua filha no julgamento pela morte do ex-craque

A internação domiciliar durante a qual Diego Maradona morreu foi uma "encenação" para mantê-lo "em um lugar escuro, feio e solitário", disse Gianinna, uma das filhas do ex-craque, no julgamento na Argentina pela morte de seu pai.

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O tribunal busca determinar a responsabilidade da equipe médica que o tratava, após uma neurocirurgia realizada semanas antes de sua morte em 25 de novembro de 2020.

Para isso, o processo iniciado em março se concentrou na qualidade do atendimento domiciliar de Maradona.

A hospitalização "foi uma encenação, uma peça de teatro que eles montaram para continuar com o que eles estavam buscando tão desesperadamente, que era manter meu pai em um lugar escuro, feio e solitário", disse Gianinna Maradona, de 35 anos, em meio às lágrimas, diante de um tribunal em San Isidro, ao norte de Buenos Aires.

Em seu depoimento de quase sete horas, Gianinna não explicou quais teriam sido os motivos de seus cuidadores para manter esse suposto teatro na casa de seu pai em Tigre, perto de San Isidro, onde o astro do futebol morreu de edema pulmonar aos 60 anos.

- "Interesse financeiro" -

Seu advogado, Fernando Burlando, disse no início do julgamento que havia um "interesse financeiro" por trás da decisão de manter Maradona em uma casa, sem especificar qual.

Na audiência desta terça-feira, foi reproduzida uma mensagem de áudio que o psicólogo acusado Carlos Díaz, especialista em dependências, enviou dias antes da morte do astro à psiquiatra Agustina Cosachov, também acusada.

A mensagem sugeria preocupações mais legais do que médicas: "Aqui, o objetivo estratégico é passar a responsabilidade para a família (...) É uma forma de nos protegermos", diz o psicólogo no trecho, que provocou murmúrios de desaprovação na sala.

Gianinna respondeu que ouvir esses comentários a deixou "com raiva e impotente". "Eu confiei que essa pessoa seria capaz de ajudar meu pai (...) Mas eles falavam sobre dinheiro e passar a responsabilidade para nós caso algo acontecesse", disse ela, aos prantos.

Perto do fim do dia, Gianinna contou seu processo após a morte do pai: "Eu queria morrer, ir com ele (...) Consegui sair com ajuda psiquiátrica para voltar a viver sem dor", disse ela, criticando também os administradores dos negócios de Maradona em vida.

Paralelamente a este caso, Dalma e Gianinna Maradona movem outra ação judicial contra os administradores, a quem acusam de terem roubado milhões de dólares do pai por meio de fraude.

- "Manipulação horrível" -

Durante a audiência, também foi reproduzida uma gravação da reunião realizada no início de novembro de 2020, na qual a equipe médica, a família e outros membros do entorno de Maradona decidiram pela internação domiciliar. Gianinna, que participou da reunião, caiu no choro ao ouvir o áudio.

Para ela, tudo é "muito injusto". "Toda essa conversa, tudo o que não aconteceu, o que foi prometido e não cumprido. Os responsáveis que falaram lá e prometeram coisas que não aconteceram depois. Acho que foi uma manipulação terrível", declarou.

"Eu queria poder voltar no tempo e expulsar todos eles", ela acrescentou entre lágrimas.

Vários médicos declararam no início do julgamento que o quarto onde Maradona morreu "estava muito sujo, muito bagunçado" para alguém que tinha acabado de passar por uma cirurgia e que faltava um desfibrilador, entre outros equipamentos médicos.

Gianinna estava acompanhada de seu filho Benjamín, sua irmã Dalma e sua mãe e ex-esposa de Maradona, Claudia Villafañe. Tia e sobrinho presenciaram o depoimento abraçados, visivelmente emocionados.

Médicos, enfermeiros, o psiquiatra e o psicólogo são acusados de homicídio doloso, uma acusação que implica que eles sabiam que suas ações poderiam levar à morte do paciente. Eles correm o risco de pegar entre 8 e 25 anos de prisão se forem considerados culpados.

A.Lorenzi--MJ